terça-feira, 29 de outubro de 2013

AFINAL, PARA QUE SERVE O “BLOCÃO”?



No começo deste ano se formou na Assembleia Legislativa da Paraíba o chamado “Blocão” – uma espécie de condomínio político-partidário composto pelo Partido dos Trabalhadores, pelo Partido Progressista e pelo Partido Social Cristão. Naquele momento, os deputados que estavam se agrupavam neste “Blocão” diziam que o objetivo era “tomar decisões conjuntas nas votações em plenário”. Mas, claro, nem eles acreditavam numa justificativa tão frágil.



Na verdade, o “Blocão” surgiu para fazer frente às bancadas do PMDB e dos partidos que dão sustentação ao governador Ricardo Coutinho na Assembleia Legislativa. O “Blocão” surgiu para tornar forte quem saiu fragilizado das urnas em 2010. A lógica que orientou a formação do “Blocão” foi a mais formal possível. Os deputados se basearam na ideia de que uma andorinha só não faz verão. Resolveram reunir as andorinhas perdidas pelos três partidos para fazer um sol daqueles na Assembleia.



Vejam que a bancada da situação tem, hoje, algo em torno de 17 deputados. É difícil precisar o número, pois virou moda entre os parlamentares aquela história de não ser nem da oposição e nem da situação. Muitos gostam de dizer que são independentes. O PMDB tem 06 deputados. O PT e o PSC têm cada um 02 deputados e o PP tem a deputada Daniella Ribeiro. Desblocados, esses partidos seriam meros figurantes no jogo político. Por isso, se uniram num condomínio que soma cinco parlamentares. O deputado Carlos Batinga, do PSC, disse que o “Blocão” tem, na Paraíba, mais força do que o PMDB, que é formado por deputados independentes, todos pertencentes à base da presidente Dilma e que fazem oposição ao governo de Ricardo Coutinho.



De fato, é isso. O “Blocão” é um ajuntamento conjuntural de partidos para fazer oposição ao governo visando demarcar espaços para as eleições de 2014. A ideia é que eles cresçam juntos no Estado para que depois cada um siga seu caminho. Aliás, esse negócio de criar blocos de partidos no parlamento não é novidade. Em 2010, PSB, PC do B e PDT (que eram três pequenos partidos na Câmara Federal) criaram o “bloquinho da esquerda” buscando um maior lugar ao sol e o fato é que conseguiram.



Nos últimos dias, a deputada Daniella Ribeiro (PP) deu declarações confirmando que o “Blocão” já decidiu que terá candidatura própria ao governo do Estado e que, pelo menos no 1º turno, não pretende apoiar a candidatura do PMDB. Ela disse que o apoio ao PMDB só existiria se não houvesse a pré-candidatura do ex-prefeito Veneziano Vital. Daniella completou que os “partidos só devem se juntar no 2º turno, pois todos são da base aliada de Dilma e fazem oposição ao governo do Estado”.



Mas, as coisas não são tão simples como quer a deputada Daniella. O “Blocão” está atrelado às composições partidárias em nível nacional e aos interesses individualizados de lideranças estaduais como o Ministro Aguinaldo Ribeiro e o Senador Vital Fº. O “Blocão” surgiu para viabilizar, na Paraíba, o palanque da campanha pela reeleição de Dilma e para dar lastro à campanha eleitoral de Aguinaldo Riberio ao Senado ou a Câmara Federal, para que ele possa se manter no cenário nacional após as eleições.


O jornal “O Estado de São Paulo” trouxe matéria dando conta que o PP seguirá aliado a Dilma e que a presidente prometeu a Aguinaldo que ele continuará sendo Ministro das Cidades, caso ela seja reeleita, claro. Aguinaldo deixaria o Ministério das Cidades para se candidatar a um mandato parlamentar. Inclusive, o ministro não deve ter visto com bons olhos essa história do “Blocão” querer lançar candidatura própria, pois isso atrapalharia as negociações.



O lançamento de uma candidatura contrariaria a natureza do “Blocão”, pois ele não é dono de suas vontades. O oxigênio do “Blocão” vem do projeto eleitoral do PT e do PP. Num segundo plano distante, interesses localizados poderiam até ser atendidos. O ex-presidente Lula deu a orientação quando disse que a estratégia, nos estados, é a unidade, já no 1º turno, dos partidos que compõem a base, e que as candidaturas mais fortes do esquema devem, claro, ser privilegiadas. Por essa lógica, teríamos na Paraíba uma composição entre PT, PP e PSC (os três partidos do “Blocão”) e o PMDB, pois todos são aliados em nível nacional e fazem parte desse grandioso condomínio eleitoral que tentará reeleger Dilma.


 


O arranjo aqui na Paraíba deve ser o seguinte. O PMDB indicaria o candidato a governador, o PT indicaria o vice, e o PP bancaria o nome de Aguinaldo Ribeiro para o Senado, que, além disso, coordenaria a campanha de Dilma na Paraíba. As declarações de Daniella Ribeiro desagradaram lideranças do PMDB. Veneziano Vital disse que a única candidatura legítima no meio das oposições é a do PMDB. Se isso é verdade ainda não se pode afirmar, o fato é que não demorará muito para que venha de Brasília a determinação de como o “Blocão” deve se comportar.



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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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