quarta-feira, 2 de outubro de 2013

E OS PARTIDOS FORAM ÀS COMPRAS.










O noticiário político desses dias está de amargar. As notícias giram em torno do fato que os partidos políticos têm até o próximo sábado, dia 05, para filiarem políticos e torna-los aptos a uma candidatura em 2014. Uma notícia diz que os partidos montaram balcões para negociar filiações. Outra que o novíssimo Partido Republicano da Ordem Social (PROS) montou um quiosque, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, para filiar 30 parlamentares.



Uma terceira notícia afirma que o “Partido Solidariedade”, mal saído da maternidade do TSE, aguarda a filiação de nada menos do que 20 deputados federais. Sua sigla é SDD, muito parecida com uma antiga marca de sabão em pó. Aliás, esse Partido Solidariedade não tem nada haver com aquele que surgiu na Polônia na década de 70 e que lutou contra a ditadura totalitária do Partido Comunista. Aliás, eu gostaria de saber a que ou a quem ele é solidário?



Vi o presidente Nacional do PROS, Eurípedes Júnior, todo faceiro na televisão por ter conseguido tirar o governado do Ceará, Cid Gomes, do PSD e leva-lo para sua agremiação que tem um nome no mínimo contraditório. Se vivemos em um sistema republicano é de se esperar que suas instituições sejam igualmente republicanas. Partindo do pressuposto que todas republicanas, não precisa ficar reafirmando isso na nomenclatura do próprio partido. Eu confesso que não entendi bem esse negócio de ordem social. Lembrou-me o lema fascista dos integralistas lá da década de 30 do século XX. Mas, estranho mesmo é o fato do PROS e do Solidariedade já estarem registrados e fazendo a captação de políticos e de verbas públicas, enquanto que o REDE Sustentabilidade de Marina Silva patina pelos corredores do TSE. Mas, esse é assunto de outro POLITICANDO.



O fato é que partidos novos ou velhos, não importa, foram à luta, ou melhor, foram às compras, literalmente, diga-se de passagem. Não é de hoje que partidos montam seus quiosques, com lindas mulheres que se encarregam de pegar os deputados pelo braço. Os partidos se prepararam para essa janela de filiação com campanhas publicitárias agressivas para divulgarem suas marcas. Em Pernambuco, o Partido Trabalhista Cristão espalhou outdoors que perguntavam: “Quer ser deputado? Com a gente você tem mais chance!”.  Mais parecia propaganda de cursinho pré-vestibular: “Venha estudar conosco e garanta seu futuro”. Aqui na Paraíba, o Partido Social Liberal fez a mesma coisa. Em seu outdoor pode-se ler: “Quer ser deputado? Filie-se ao PSL. Aqui você tem mais chances!”.



Simples assim. Na cara dura, os partidos passaram a se oferecer tal qual fazem as prostitutas pelas ruas de qualquer cidade. Mas, não é só isso. Os partidos prometem mundos e fundos para atrair os deputados. Segundo a Folha de São Paulo, a mudança de sigla pode render algo em torno de R$ 3.50 por cada voto recebido pelo parlamentar. Funciona assim. Digamos que o deputado Fulano de Tal tenha sido eleito pelo Partido X com 50 mil votos. O Partido Y resolve comprar o passe do deputado Fulano de Tal. Para isso terá que lhe pagar R$ 175.000 mil. É só fazer as contas. Se o deputado teve 50 mil votos e cada voto custa R$ 3.50, então ele deve receber exatos R$ 175.000 mil. O fato é que o voto do eleitor vale a diminuta quantia de R$ 3.50. E é fato, também, que nesse processo todo o eleitor vale tanto quanto uma banana apodrecida num final de feira.





O caro ouvinte acha isso uma esculhambação? Tem mais. O PROS, o Solidariedade e vários outros partidos oferecem um pacote de ofertas. A mais atraente é a que entrega ao parlamentar o comando político da sigla, que o está comprando, no estado onde ele tem sua base eleitoral. Aqui, tem até uma venda casada. Pois o deputado ganha, também, o direito de participar do rateio do Fundo Partidário. O caro ouvinte sabe quanto é que partidos novatos como PROS, PEN e Solidariedade ganharão por ano no rateio do fundo partidário? Eles terão algo em torno de R$ 30 milhões! E isso sem terem tido um voto sequer nas eleições de 2010.



Não custa lembrar que quanto mais votos o deputado, que está sendo colocado no carrinho de compras do partido, tenha tido em 2010 mais cotas de participação ele terá no fundo partidário. O deputado federal, Ademir Castilho, disse que está deixando o PSD para assumir o comando do PROS em Minas. Numa ataque de sinceridade, disse “levo 72 mil votos para o PROS, tenho direito a receber 60% do rateio do fundo referentes a esses 72 mil votos”.



O mais interessante é que existe um complexo regimento informal para o troca-troca partidário, que partidos e políticos não ousam desrespeitar. Parece coisa da Máfia italiana que acordava tudo em segredo e depois fazia um pacto de sangue. Antes a infidelidade partidária era generalizada. Os políticos podiam mudar de partidos a qualquer momento. Criou-se a janela de filiação partidária. Um ano antes das eleições, os políticos tem um prazo para mudarem de agremiação. A ideia era boa. O problema é que os políticos ficaram com pouco tempo para organizarem suas idas e vindas partidárias. Daí, convencionaram que um ano antes de cada eleição eles organizariam uma grande feira para se oferecerem aos partidos. E ainda há quem diga que nossa democracia é sólida e que está consolidada. VIVA A DEMOCRACIA!



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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.




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