domingo, 16 de abril de 2017

Temer confessa o golpe





Quando um presidente comete um "sincericídio"

O usurpador-mor da República Michel Temer admitiu (ou seria melhor dizer confessou) numa entrevista especial ao vivo, em rede nacional, que (SIC) “... Dilma Rousseff foi derrubada porque o PT não salvou o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), no Conselho de Ética da Casa”.


Não foi uma entrevista qualquer, uma fala ao acaso, ou mesmo uma dessas “conversas informais” que algum “desavisado” registra o áudio “por acaso”. Foi, isto sim, uma entrevista concedida em estúdio para o canal de televisão BAND transmitida simultaneamente para as rádios Bandeirantes e Band News FM, para o Canal Band News e para as redes sociais da emissora. Sem contar que o apresentador do programa, jornalista Fábio Pannunzio, deixou claro que a entrevista seria reapresentada pela emissora em outros horários. Estava tudo bem preparada, o presidente não foi pego de surpresa. Portanto, que não se venha dizer que foi um ato falho presidencial, pois ele quis sim dar a declaração baseado no fato de quem confia plenamente na impunidade.


Com uma surpreendente tranquilidade, com uma calma franciscana, com aquele sorriso pretensamente pudico, que serve para fingir terceiras intensões, Temer narrou um episódio de pura chantagem política como se fosse algo banal, normal, algo comum das democracias. Temer não mediu as palavras para dizer que a culpa do impeachment de Dilma foi do próprio PT já que o partido não aceitou se submeter à chantagem de Eduardo Cunha (hoje condenado a mais de 15 anos de prisão por corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro). Ou seja, se o PT tivesse votado a favor de Cunha no Conselho de Ética, hoje Dilma ainda seria a presidente.


Num raro ataque de cinismo, com pitadas de ironia e escárnio, Temer comentou: "Que coisa curiosa! se o PT tivesse votado nele naquele comitê de ética, seria muito provável que a senhora presidente continuasse". Temer tripudiou sobre seus adversários, fez questão de destacar a ironia da situação. Ou seja, ele mesmo se encarregou de desmentir a história de que Dilma sofreu o impeachment por causa das pedaladas.





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